Por
volta dos séculos IX e VIII a.C a matemática engatinhava na Babilônia. Os
babilônios e os egípcios já tinham uma álgebra e uma geometria, mas somente o
que bastasse para as suas necessidades práticas, e não de uma ciência organizada.
Na Babilônia, a matemática era cultivada entre os escrivas responsáveis pelos
tesouros reais. Apesar de todo material algébrico que tinham os babilônios e
egípcios, só podemos encarar a matemática como ciência, no sentido moderno da
palavra, a partir dos séculos VI e V a.C. na Grécia.
A
matemática grega se distingue da babilônica e egípcia pela maneira de
encará-la. Os gregos fizeram-na uma ciência propriamente dita sem a preocupação
de suas aplicações práticas.
Do
ponto de vista de estrutura, a matemática grega se distingue da anterior, por
ter levado em conta problemas relacionados com processos infinitos, movimento e
continuidade. As diversas tentativas dos gregos de resolverem tais problemas
fizeram com que aparecesse o método axiomático-dedutivo. Este método consiste
em admitir como verdadeiras certas preposições (mais ou menos evidentes) e a
partir delas, por meio de um encadeamento lógico, chegar a proposições mais
gerais. As dificuldades com que os gregos depararam ao estudar os problemas
relativos a processos infinitos (sobretudo problemas sobre números irracionais)
talvez sejam as causas que os desviaram da álgebra, encaminhando-os em direção
à geometria. Realmente, é na geometria que os gregos se destacam, culminando
com a obra de Euclides, intitulada "Os Elementos". Sucedendo
Euclides, encontramos os trabalhos de Arquimedes e de Apolônio de Perga.
Arquimedes desenvolve a geometria, introduzindo um novo método, denominado
"método de exaustão", que seria um verdadeiro germe do qual mais
tarde iria brotar um importante ramo de matemática (teoria dos limites).
Apolônio de Perga, contemporâneo de Arquimedes, dá início aos estudos das
denominadas curvas cônicas: a elipse, a parábola, e a hipérbole, que
desempenham, na matemática atual, papel muito importante. No tempo de Apolônio
e Arquimedes, a Grécia já deixara de ser o centro cultural do mundo. Este, por
meio das conquistas de Alexandre, tinha-se transferido para a cidade de
Alexandria. Depois de Apolônio e Arquimedes, a matemática grega entra no seu
ocaso.
Dia
dez de dezembro de 641, cai a cidade de Alexandria sob a verde bandeira de Alá.
Os exércitos árabes, então empenhados na chamada Guerra Santa, ocupam e
destroem a cidade, e com ela todas as obras dos gregos. A ciência dos gregos
entra em eclipse. Mas a cultura helênica era bem forte para sucumbir de um só
golpe; daí por diante a matemática entra num estado latente. Os árabes, na sua
arremetida, conquistam a Índia encontrando lá um outro tipo de cultura
matemática: a Álgebra e a Aritmética.
Os
hindus introduzem um símbolo completamente novo no sistema de numeração até
então conhecido: o ZERO. Isto causa uma verdadeira revolução na "arte de
calcular". Dá-se início à propagação da cultura dos hindus por meio dos
árabes. Estes levam à Europa os denominados "Algarismos arábicos", de
invenção dos hindus. Um dos maiores propagadores da matemática nesse tempo foi,
sem dúvida, o árabe Mohamed Ibn Musa Alchwarizmi, de cujo nome resultou em
nossa língua as palavras algarismos e Algoritmo.
Alchwarizmi propaga a sua obra, "Aldschebr Walmakabala", que ao pé da
letra seria: restauração e conforto. (É dessa obra que se origina o nome
Álgebra). A matemática, que se achava em estado latente, começa a se despertar.
No ano 1202, o matemático italiano Leonardo de Pisa, cognominado de
"Fibonacci" ressuscita a Matemática na sua obra intitulada
"Leber abaci" na qual descreve a "arte de calcular"
(Aritmética e Álgebra). Nesse livro Leonardo apresenta soluções de equações do
1º, 2º e 3º graus. Nessa época a Álgebra começa a tomar o seu sapecto formal.
Um monge alemão. Jordanus Nemorarius já começa a utilizar letras para
significar um número qualquer, e ademais introduz os sinais de + (mais) e -
(menos) sob a forma das letras p (plus = mais) e m (minus = menos).
Outro
matemático alemão, Michael Stifel, passa a utilizar os sinais de mais (+) e
menos (-), como nós os utilizamos atualmente. É a álgebra que nasce e se põe em
franco desenvolvimento. Tal desenvolvimento é finalmente consolidado na obra do
matemático francês, François Viète, denominada "Álgebra Speciosa".
Nela os símbolos alfabéticos têm uma significação geral, podendo designar
números, segmentos de retas, entes geométricos etc.
No século XVII, a matemática
toma nova forma, destacando-se de início René Descartes e Pierre Fermat. A
grande descoberta de René Descartes foi sem dúvida a "Geometria
Analítica" que, em síntese, consiste nas aplicações de métodos algébricos
à geometria. Pierre Fermat era um advogado que nas horas de lazer se ocupava
com a matemática. Desenvolveu a teoria dos números primos e resolveu o
importante problema do traçado de uma tangente a uma curva plana qualquer,
lançando assim, sementes para o que mais tarde se iria chamar, em matemática,
teoria dos máximos e mínimos. Vemos assim no século XVII começar a germinar um
dos mais importantes ramos da matemática, conhecido como Análise Matemática.
Ainda surgem, nessa época, problemas de Física: o estudo do movimento de um
corpo, já anteriormente estudados por Galileu Galilei. Tais problemas dão
origens a um dos primeiros descendentes da Análise: o Cálculo Diferencial.
O
Cálculo Diferencial aparece pela primeira vez nas mãos de Isaac Newton
(1643-1727), sob o nome de "cálculo das fluxões", sendo mais tarde
redescoberto independentemente pelo matemático alemão Gottfried Wihelm Leibniz.
A Geometria Analítica e o Cálculo dão um grande impulso à matemática. Seduzidos
por essas novas teorias, os matemáticos dos séculos XVII e XVIII, corajosa e
despreocupadamente se lançam a elaborar novas teorias analíticas. Mas nesse
ímpeto, eles se deixaram levar mais pela intuição do que por uma atitude
racional no desenvolvimento da ciência. Não tardaram as consequências de tais
procedimentos, começando por aparecer contradições. Um exemplo clássico disso é
o caso das somas infinitas, como a soma abaixo:
S = 3
- 3 + 3 - 3 + 3...........
Supondo que se tenha um número infinito de termos. Se agruparmos as parcelas
vizinhas teremos:
S = (3
- 3) + (3 - 3) + ...........= 0 + 0 +.........= 0
Se
agruparmos as parcelas vizinhas, mas a partir da 2ª, não agrupando a primeira:
S = 3
+ ( - 3 + 3) + ( - 3 + 3) + ...........= 3 + 0 + 0 + ......... = 3
O que
conduz a resultados contraditórios. Esse "descuido" ao trabalhar com
séries infinitas era bem característico dos matemáticos daquela época, que se
acharam então em um "beco sem saída”. Tais fatos levaram, no ocaso do
século XVIII, a uma atitude crítica de revisão dos fatos fundamentais da
matemática. Pode-se afirmar que tal revisão foi a "pedra angular" da
matemática. Essa revisão se inicia na Análise, com o matemático francês Louis
Cauchy (1789 - 1857), professor catedrático na Faculdade de Ciências de Paris.
Cauchy realizou notáveis trabalhos, deixando mais de 500 obras escritas, das
quais destacamos duas na Análise: "Notas sobre o desenvolvimento de
funções em séries" e "Lições sobre aplicação do cálculo à
geometria". Paralelamente, surgem geometrias diferentes da de Euclides, as
denominadas Geometrias não euclidianas.
Por
volta de 1900, o método axiomático e a Geometria sofrem a influência dessa
atitude de revisão crítica, levada a efeito por muitos matemáticos, dentre os
quais destacamos D. Hilbert, com sua obra "Fundamentos da Geometria"
("Grudlagen der Geometrie" título do original), publicada em 1901. A
Álgebra e a Aritmética tomam novos impulsos. Um problema que preocupava os
matemáticos era o da possibilidade ou não da solução de equações algébricas por
meio de fórmulas que aparecessem com radicais. Já se sabia que em equações do
2º e 3º graus isto era possível; daí surgiu a seguinte questão: será que as
equações do 4º graus em diante admitem soluções por meio de radicais?
Em
trabalhos publicados por volta de 1770, Lagrange (1736 - 1813) e Vandermonde
(1735-96) iniciaram estudos sistemáticos dos métodos de resolução. À medida que
as pesquisas se desenvolviam no sentido de achar tal tipo de resolução, ia se
evidenciando que isso não era possível. No primeiro terço do século XIX, Niels
Abel (1802-29) e Evariste de Galois (1811-32) resolvem o problema, demonstrando
que as equações do quarto e quinto grau em diante não podiam ser resolvidas por
radicais. O trabalho de Galois, somente publicado em 1846, deu origem à chamada
"teoria dos grupos" e à denominada "Álgebra Moderna", dando
também grande impulso à teoria dos números.
Com
respeito à teoria dos números não nos podemos esquecer das obras de R. Dedekind
e Gorg Cantor. R. Dedekind define os números irracionais pela famosa noção de
"Corte". Georg Cantor dá início à chamada Teoria dos conjuntos, e de
maneira arrojada aborda a noção de infinito, revolucionando-a. A partir do
século XIX a matemática começa então a se ramificar em diversas disciplinas,
que ficam cada vez mais abstratas.
Atualmente
se desenvolvem tais teorias abstratas, que se subdividem em outras disciplinas.
Os entendidos afirmam que estamos em plena "idade de ouro" da
Matemática, e que nestes últimos cinquenta anos tem se criado tantas
disciplinas, novas matemáticas, como se haviam criado nos séculos anteriores.
Esta arremetida em direção ao "Abstrato", ainda que não pareça nada
prática, tem por finalidade levar adiante a "Ciência". A história tem
mostrado que aquilo que nos parece pura abstração, pura fantasia matemática,
mais tarde se revela como um verdadeiro celeiro de aplicações práticas.
Construindo o conceito de número
Foi
contando objetos com outros objetos que a humanidade começou a construir o
conceito de número.
Para
o homem primitivo o número cinco, por exemplo, sempre estaria ligada a alguma
coisa concreta: cinco dedos, cinco peixes, cinco bastões, cinco animais, e
assim por diante.
A
ideia de contagem estava relacionada com os dedos da mão.
Assim,
ao contar as ovelhas, o pastor separava as pedras em grupos de cinco.
Do
mesmo modo os caçadores contavam os animais abatidos, traçando riscos na
madeira ou fazendo nós em uma corda, também de cinco em cinco.
Para
nós, hoje, o número cinco representa a propriedade comum de infinitas coleções
de objetos: representa a quantidade de elementos de um conjunto, não importando
se tratam de cinco bolas, cinco skates, cinco discos ou cinco aparelhos de som.
É
por isso que esse número, que surgiu quando o homem contava objetos usando
outros objetos, é um número concreto.
O
número natural
Os
egípcios criam os símbolos
Por
volta do ano 4.000 a.C., algumas comunidades primitivas aprenderam a usar
ferramentas e armas de bronze. Aldeias situadas às margens de rios
transformaram-se em cidades. A vida ia ficando cada vez mais complexa. Novas
atividades iam surgindo, graças, sobretudo ao desenvolvimento do comércio.
Os
agricultores passaram a produzir alimentos em quantidades superiores às suas
necessidades. Com isso algumas pessoas puderam se dedicar a outras atividades,
tornando-se artesãos, comerciantes, sacerdotes, administradores.
Como
consequência desse desenvolvimento surgiu à escrita. Era o fim da Pré-História
e o começo da História.
Os
grandes progressos que marcaram o fim da Pré-História verificaram-se com muita
intensidade e rapidez no Egito.
Você
certamente já ouviu falar nas pirâmides do Egito.
Para
fazer os projetos de construção das pirâmides e dos templos, o número concreto
não era nada prático. Ele também não ajudava muito na resolução dos difíceis
problemas criados pelo desenvolvimento da indústria e do comércio.
Como
efetuar cálculos rápidos e precisos com pedras, nós ou riscos em um osso?
Foi
partindo dessa necessidade imediata que estudiosos do Antigo Egito passaram a
representar a quantidade de objetos de uma coleção através de desenhos – os
símbolos.
A
criação dos símbolos foi um passo muito importante para o desenvolvimento da
Matemática.
Na
Pré-História, o homem juntava 3 bastões com 5 bastões para obter 8 bastões.
Hoje
sabemos representar esta operação por meio de símbolos.
3 + 5
= 8
Muitas
vezes não sabemos nem que objetos estamos somando. Mas isso não importa: a
operação pode ser feita da mesma maneira. Mas como eram os símbolos que os
egípcios criaram para representar os números?
Contando
com os egípcios
Há
mais ou menos 3.600 anos, o faraó do Egito tinha um súdito chamado Aahmesu,
cujo nome significa “Filho da Lua”.
Aahmesu
ocupava na sociedade egípcia uma posição muito mais humilde que a do faraó:
provavelmente era um escriba. Hoje Aahmesu é mais conhecido do que muitos faraós
e reis do Antigo Egito. Entre os cientistas, ele é chamado de Ahmes. Foi ele
quem escreveu o Papiro Ahmes.
O
papiro Ahmes é um antigo manual de matemática. Contêm 80 problemas, todos
resolvidos. A maioria envolvendo assuntos do dia-a-dia, como o preço do pão, a
armazenagem de grãos de trigo, a alimentação do gado.
Observando
e estudando como eram efetuados os cálculos no Papiro Ahmes, não foi difícil
aos cientistas compreender o sistema de numeração egípcio. Além disso, a
decifração dos hieróglifos – inscrições sagradas das tumbas e monumentos do
Egito – no século XVIII também foi muito útil.
O sistema de numeração egípcio
baseava-se em sete números-chave:
1 10 100 1.000 10.000
100.000 1.000.000
100.000 1.000.000
Os egípcios usavam símbolos para
representar esses números.
Um traço vertical representava 1
unidade:
Um osso de calcanhar invertido
representava o número 10:
Um laço valia 100 unidades:
Uma flor de lótus valia 1.000:
Um dedo dobrado valia 10.000:
Com um girino os egípcios representavam 100.000 unidades:
Uma figura ajoelhada, talvez representando um deus, valia 1.000.000:
Um laço valia 100 unidades:
Uma flor de lótus valia 1.000:
Um dedo dobrado valia 10.000:
Com um girino os egípcios representavam 100.000 unidades:
Uma figura ajoelhada, talvez representando um deus, valia 1.000.000:
Todos
os outros números eram escritos combinando os números-chave.
Na
escrita dos números que usamos atualmente, a ordem dos algarismos é muito
importante.
Se
tomarmos um número, como por exemplo:
256
e
trocarmos os algarismos de lugar, vamos obter outros números completamente
diferentes:
265
526 562 625 652
Ao
escrever os números, os egípcios não se preocupavam com a ordem dos símbolos.
Observe no desenho que apesar de a ordem dos símbolos não ser a mesma, os três
garotos do Antigo Egito estão escrevendo o mesmo número:
45
Os
papiros da Matemática egípcia
Quase
tudo o que sabemos sobre a Matemática dos antigos egípcios se baseia em dois
grandes papiros: o Papiro Ahmes e o Papiro de Moscou.
O
primeiro foi escrito por volta de 1.650 a.C. e tem aproximadamente 5,5 m de
comprimento e 32 cm de largura. Foi comprado em 1.858 por um antiquário escocês
chamado Henry Rhind. Por isso é conhecido também como Papiro de Rhind.
Atualmente encontra-se no British Museum, de Londres.
O
Papiro de Moscou é uma estreita tira de 5,5 m de comprimento por 8 cm de
largura, com 25 problemas. Encontra-se atualmente em Moscou. Não se sabe nada
sobre o seu autor.
A
técnica de calcular dos egípcios
Com
a ajuda deste sistema de numeração, os egípcios conseguiam efetuar todos os
cálculos que envolviam números inteiros.
Para isso, empregavam uma técnica de cálculo muito especial: todas as operações matemáticas eram efetuadas através de uma adição.
Para isso, empregavam uma técnica de cálculo muito especial: todas as operações matemáticas eram efetuadas através de uma adição.
Por
exemplo, a multiplicação 13 * 9 indicava que o 9 deveria ser adicionado treze
vezes.
13 *
9 = 9 + 9 + 9 + 9 + 9 + 9 + 9 + 9 + 9 + 9 + 9 + 9 + 9
A
tabela abaixo ajuda a compreender como os egípcios concluíam a muliplicação:
Eles
buscavam na tabela um total de 13 parcelas; era simplesmente a soma das três
colunas destacadas:
1 +
4 + 8 = 13
O
resultado da multiplicação 13 * 9 era a soma dos resultados desta três colunas:
9 +
36 + 72 = 117
Os
egípcios eram realmente muito habilidosos e criativos nos cálculos com números
inteiros.
Mas,
em muitos problemas práticos, eles sentiam necessidades de expressar um pedaço
de alguma coisa através de um número.
E
para isso os números inteiros não serviam.
Descobrindo
a fração
Por
volta do ano 3.000 a.C., um antigo faraó de nome Sesóstris...
“...
repartiu o solo do Egito às margens do rio Nilo entre seus habitantes. Se o rio
levava qualquer parte do lote de um homem, o faraó mandava funcionários
examinarem e determinarem por medida a extensão exata da perda.”
Estas
palavras foram escritas pelo historiador grego Heródoto, há cerca de 2.300
anos. O rio Nilo atravessa uma vasta planície.
Uma
vez por ano, na época das cheias, as águas do Nilo sobem muitos metros acima de
seu leito normal, inundando uma vasta região ao longo de suas margens. Quando as
águas baixam, deixam descobertas uma estreita faixa de terras férteis, prontas
para o cultivo. Desde a Antiguidade, as águas do Nilo fertilizam os campos,
beneficiando a agricultura do Egito. Foi nas terras férteis do vale deste rio
que se desenvolveu a civilização egípcia. Cada metro de terra era precioso e
tinha de ser muito bem cuidado.
Sesóstris
repartiu estas preciosas terras entre uns poucos agricultores privilegiados.
Todos
os anos, durante o mês de junho, o nível das águas do Nilo começava a subir.
Era o início da inundação, que durava até setembro.
Ao
avançar sobre as margens, o rio derrubava as cercas de pedra que cada
agricultor usava par marcar os limites do terreno de cada agricultor.
Usavam
cordas para fazer a medição.
Havia
uma unidade de medida assinada na própria corda. As pessoas encarregadas de
medir esticavam a corda e verificavam quantas vezes aquela unidade de medida
estava contida nos lados do terreno. Daí, serem conhecidas como esticadores de
cordas.
No
entanto, por mais adequada que fosse a unidade de medida escolhida,
dificilmente cabia um número inteiro de vezes no lados do terreno.
Foi
por essa razão que os egípcios criaram um novo tipo de número: o número
fracionário.
Para
representar os números fracionários, usavam frações.
As
complicadas frações egípcias
Os
egípcios interpretavam a fração somente como uma parte da unidade. Por isso,
utilizavam apenas as frações unitárias, isto é, com numerador igual a 1.
Para
escrever as frações unitárias, colocavam um sinal oval alongado sobre o
denominador.
As
outras frações eram expressas através de uma soma de frações de numerador 1.
Os
egípcios não colocavam o sinal de adição - + - entre as frações, porque os
símbolos das operações ainda não tinham sido inventados.
No
sistema de numeração egípcio, os símbolos repetiam-se com muita frequência. Por
isso, tanto os cálculos com números inteiros quanto aqueles que envolviam
números fracionários eram muito complicados.
Assim
como os egípcios, outros povos também criaram o seu próprio sistema de numeração.
Porém, na hora de efetuar os cálculos, em qualquer um dos sistemas empregados,
as pessoas sempre esbarravam em alguma dificuldade.
Apenas
por volta do século III a.C. começou a se formar um sistema de numeração bem
mais prático e eficiente do que os outros criados até então: o sistema de
numeração romano.
Contando
com os romanos
De
todas as civilizações da Antiguidade, a dos romanos foi sem dúvida a mais
importante.
Seu
centro era a cidade de Roma. Desde sua fundação, em 753 a.C., até ser ocupada por
povos estrangeiros em 476 d.C., seus habitantes enfrentaram um número
incalculável de guerras de todos os tipos. Inicialmente, para se defenderem dos
ataques de povos vizinhos; mais tarde nas campanhas de conquistas de novos
territórios.
Foi
assim que, pouco a pouco, os romanos foram conquistando a península Itálica e o
restante da Europa, além de uma parte da Ásia e o norte de África.
Apesar
de a maioria da população viver na miséria, em Roma havia luxo e muita riqueza,
usufruídas por uma minoria rica e poderosa. Roupas luxuosas, comidas finas e
festas grandiosas faziam parte do dia-a-dia da elite romana.
Foi
nesta Roma de miséria e luxo que se desenvolveu e aperfeiçoou o número
concreto, que vinha sendo usado desde a época das cavernas.
Como
foi que os romanos conseguiram isso?
O
sistema de numeração romano
Os romanos foram espertos. Eles
não inventaram símbolos novos para representar os números; usaram as próprias
letras do alfabeto.
I V X L
C D M
C D M
Como será que eles combinaram
estes símbolos para formar o seu sistema de numeração?
O sistema de numeração romano baseava-se em sete números-chave:
O sistema de numeração romano baseava-se em sete números-chave:
I tinha o valor 1.
V valia 5.
X representava 10 unidades.
L indicava 50 unidades.
C valia 100.
D valia 500.
M valia 1.000.
V valia 5.
X representava 10 unidades.
L indicava 50 unidades.
C valia 100.
D valia 500.
M valia 1.000.
Quando apareciam vários números
iguais juntos, os romanos somavam os seus valores.
II = 1 + 1 = 2
XX = 10 + 10 = 20
XXX = 10 + 10 + 10 = 30
XX = 10 + 10 = 20
XXX = 10 + 10 + 10 = 30
Quando dois números diferentes
vinham juntos, e o menor vinha antes do maior, subtraíam os seus valores.
IV = 4 porque 5 - 1 = 4
IX = 9 porque 10 – 1 = 9
XC = 90 porque 100 – 10 = 90
IX = 9 porque 10 – 1 = 9
XC = 90 porque 100 – 10 = 90
Mas se o número maior vinha antes
do menor, eles somavam os seus valores.
VI = 6 porque 5 + 1 = 6
XXV = 25 porque 20 + 5 = 25
XXXVI = 36 porque 30 + 5 + 1 = 36
LX = 60 porque 50 + 10 = 60
XXV = 25 porque 20 + 5 = 25
XXXVI = 36 porque 30 + 5 + 1 = 36
LX = 60 porque 50 + 10 = 60
Ao
lermos o cartaz, ficamos sabendo que o exercito de Roma fez numa certa época
MCDV prisioneiros de guerra. Para ler um número como MCDV, veja os cálculos que
os romanos faziam:
Em
primeiro lugar buscavam a letra de maior valor.
M =
1.000
Como
antes de M não tinha nenhuma letra, buscavam a segunda letra de maior valor.
D =
500
Depois
tirava de D o valor da letra que vem antes.
D –
C = 500 – 100 = 400
Somavam
400 ao valor de M, porque CD está depois e M.
M +
CD = 1.000 + 400 = 1.400
Sobrava
apenas o V. Então:
MCDV
= 1.400 + 5= 1.405
Os
milhares
Como
você acabou de ver, o número 1.000 era representado pela letra M.
Assim,
MM correspondiam a 2.000 e MMM a 3.000.
E os
números maiores que 3.000?
Para
escrever 4.000 ou números maiores que ele, os romanos usavam um traço
horizontal sobre as letras que representavam esses números.
Um
traço multiplicava o número representado abaixo dele por 1.000.
Dois
traços sobre o M davam-lhe o valor de 1 milhão.
O
sistema de numeração romano foi adotado por muitos povos. Mas ainda era difícil
efetuar cálculos com este sistema.
Por
isso, matemáticos de todo o mundo continuaram a procurar intensamente símbolos
mais simples e mais apropriados para representar os números.
E
como resultado dessas pesquisas, aconteceu na Índia uma das mais notáveis
invenções de toda a história da Matemática: O sistema de numeração decimal.
Afinal
os nossos números
No
século VI foram fundados na Síria alguns centros de cultura grega. Consistiam
numa espécie de clube onde os sócios se reuniam para discutir exclusivamente a
arte e a cultura vindas da Grécia.
Ao
participar de uma conferência num destes clubes, em 662, o bispo sírio Severus
Sebokt, profundamente irritado com o fato de as pessoas elogiarem qualquer
coisa vinda dos gregos, explodiu dizendo:
“Existem
outros povos que também sabem alguma coisa! Os hindus, por exemplo, têm
valiosos métodos de cálculos. São métodos fantásticos! E imaginem que os
cálculos são feitos por apenas nove sinais!”.
A
referência a nove, e não dez símbolos significam que o passo mais importante
dado pelos hindus para formar o seu sistema de numeração – a invenção do zero -
ainda não tinha chegado ao Ocidente.
A
ideia dos hindus de introduzir uma notação para uma posição vazia – um ovo de
ganso, redondo – ocorreu na Índia, no fim do século VI. Mas foram necessários
muitos séculos para que esse símbolo chegasse à Europa.
Com
a introdução do décimo sinal – o zero – o sistema de numeração tal qual o
conhecemos hoje estava completo.
Até
chegar aos números que você aprendeu a ler e escrever, os símbolos criados
pelos hindus mudou bastante.
Hoje,
estes símbolos são chamados de algarismos indos-arábicos.
Se
forem os matemáticos hindus que inventaram o nosso sistema de numeração, o que
os árabes têm a ver com isso? E por que os símbolos
0 1
2 3 4 5 6 7 8 9
São
chamados de algarismos?
Os
árabes divulgam ao mundo os números hindus
Simbad,
o marujo, Aladim e sua lâmpada maravilhosa, Harum al-Raschid são nomes
familiares para quem conhece os contos de As mil e uma noites. Mas Simbad e
Aladim são apenas personagens do livro, Harum al-Raschid realmente existiu. Foi
o califa de Bagdá, do ano 786 até 809.
Durante
o seu reinado os povos árabes travaram uma séria de guerras de conquista. E
como prêmios de guerra, livros de diversos centros científicos foram levados
para Bagdá e traduzidos para a língua árabe.
Em
809, o califa de Bagdá passou a ser al-Mamum, filho de Harum al-Rahchid.
Al-Mamum
era muito vaidoso. Dizia com toda a convicção.
“Não
há ninguém mais culto em todos os ramos do saber do que eu”.
Como
era um apaixonado da ciência, o califa procurou tornar Bagdá o maior centro
científico do mundo, contratando os grandes sábios muçulmanos da época.
Entre
eles estava o mais brilhante matemático árabe de todos os tempos:
al-Khowarizmi.
Estudando
os livros de Matemática vindos da Índia e traduzidos para a língua árabe,
al-Khowarizmi surpreendeu-se a princípio com aqueles estranhos símbolos que
incluíam um ovo de ganso!
Logo,
al-Khowarizmi compreendeu o tesouro que os matemáticos hindus haviam
descobertos. Com aquele sistema de numeração, todos os cálculos seriam feitos
de um modo mais rápido e seguro. Era impossível imaginar a enorme importância
que essa descoberta teria para o desenvolvimento da Matemática.
Al-Khowarizmi
decidiu contar ao mundo as boas nova. Escreveu um livro chamado Sobre a arte
hindu de calcular, explicando com detalhes como funcionavam os dez símbolos
hindus.
Com
o livro de al-Khowarizmi, matemáticos do mundo todo tomaram conhecimento do
sistema de numeração hindu.
Os
símbolos – 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 – ficaram conhecidos como a notação de
al-Khowarizmi, de onde se originou o termo latino algorismus. Daí o nome
algarismo.
São
estes números criados pelos matemáticos da Índia e divulgados para outros povos
pelo árabe al-Khowarizmi que constituem o nosso sistema de numeração decimal
conhecido como algarismo indos-arábicos.
Os
números racionais
Com
o sistema de numeração hindu ficou fácil escrever qualquer número, por maior
que ele fosse.
0 13
35 98
1.024 3.645.872
1.024 3.645.872
Como
estes números foram criados pela necessidade prática de contar as coisas da
natureza, eles são chamados de números naturais.
Os
números naturais simplificaram muito o trabalho com números fracionários.
Não
havia mais necessidade de escrever um número fracionário por meio de uma adição
de dois fracionários, como faziam os matemáticos egípcios.
O
número fracionário passou a ser escrito como uma razão de dois números
naturais.
A
palavra razão em matemática significa divisão. Portanto, os números inteiros e
os números fracionários podem ser expressos como uma razão de dois números
naturais. Por isso, são chamados de números racionais.
A
descoberta de números racionais foi um grande passo para o desenvolvimento da
Matemática.
Fonte:usuários.upf.br
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